Entrevista:

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Vai uma história?

CONTO DE ORIGEM

Esse tipo de história sempre tenta explicar como surgiu alguma coisa. Nisso, relaciona-se com os mitos, narrativas religiosas que contam como os deuses fizeram o mundo, como apareceram os homens, os animais, as plantas e tudo o que é conhecido.


A TARTARUGA E A FRUTA AMARELA
- estraida do livro "Histórias que o povo conta", de Ricardo Azevedo.

O tempo era de seca. O calor estava de rachar pedra. Sem chuva, a floresta
quase secou. A bicharada andava para lá e para cá cheia de fome e de sede.
Um dia, ninguém sabe como, apareceu uma árvore carregadinha de frutas.

As frutas eram lindas e amarelas mas os bichos ficaram com medo.
— E se for azeda? — disse o papagaio.
— E se for venenosa? — disse o macaco.
— E se for feitiço? — disse a capivara.
Com água na boca, a bicharada olhava aquelas frutas madurinhas mas
ninguém tinha coragem de experimentar.
— A gente não pode comer a fruta sem saber o nome dela — ensinou a
coruja.
Então, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a anta.
— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.
A anta foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a anta voltou do céu cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

Acontece que no caminho morava uma bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e a anta explicou.
A bruxa deu risada e gritou:

Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina

Ouvindo o canto da bruxa, a anta se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Os bichos fizeram outra reunião e escolheram o tatu.

— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.

O tatu foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da fruta
amarela, o tatu voltou do céu cantando.

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela e o tatu explicou.
A bruxa deu risada e gritou:

Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina

Ouvindo o canto da bruxa, o tatu se confundiu. Ao chegar na floresta não
conseguiu mais lembrar nome nenhum.
Outra vez, os bichos fizeram uma reunião e escolheram a tartaruga.

— Vá até o céu — pediram eles —, e pergunte a Deus qual o nome dessa
fruta.

A tartaruga foi e Deus explicou tudo direitinho. Para não esquecer o nome da
fruta amarela a tartaruga voltou do céu cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

No caminho, encontrou a bruxa malvada.
A mulher perguntou que cantoria era aquela. A tartaruga não disse nada e
continuou cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

Mas a bruxa deu risada e gritou:

Caranguejo, caramujo
Carapaça, carrapicho
Carrapato, carraspana
Carapeta, carabina

A tartaruga nem ligou. Continuou pelo caminho cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

Então a bruxa gritou:

Carapina, carapuça
Caravela, caravana
Cara-suja, caradura
Carafuzo, carapinha

A tartaruga gritou mais alto:

Carambola, carambola
Não posso esquecer seu nome
Carambola, carambola
Que meu povo está com fome

A bruxa berrou:

Carapeba, carangola
Carandonga, caripora
Caraúba, caraíba
Carantonha, curupira

A tartaruga nem ligou. Continuou cantando sua música sem errar:

Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome

Foi quando a bruxa perdeu a cabeça, agarrou a tartaruga, bateu e jogou no
chão.E a tartaruga:

Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome

A bruxa atirou um monte de pedra em cima da tartaruga.
E a bichinha:

Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome

No fim, a bruxa bateu na tartaruga com um pedaço de pau.
Depois, com um pedaço de ferro. Depois, atirou a coitada do alto do despenhadeiro. A tartaruga caiu lá embaixo no meio das pedras, levantou-se, sacudiu a poeira e continuou cantando:

Carambola, carambola
Não posso esquecer o nome
Carambola, carambola
Que meu povo anda com fome

Vendo isso, a bruxa desistiu de tudo e foi embora para sempre.
A tartaruga chegou na floresta cansada. Contou o nome da fruta amarela. A bicharada agradeceu, fez uma festa e matou a fome e a sede de tanto comer a fruta amarela.
Desde então o povo da floresta passou a conhecer a carambola.
Desde então, por causa de tantos tombos, pancadas e quedas, a tartaruga
ficou com o casco enrugado e achatado na parte de baixo.


Acabou se o que era doce,
Toda história tem um fim.
Quem quiser que conte outra
Que seja tão maravilhosa assim.

Um comentário:

lais araujo da silva disse...

gostei muito da historia,em falar nela eu vou apresentar essa peça no colégio e me divirto muito nos insaios contando a historia da tartaruga e a fruta amarela.